domingo, 25 de janeiro de 2009

Ainda Dra. Nise da Silveira


Um dos caminhos menos difíceis que encontrei para o acesso ao mundo interno do esquizofrênico foi dar-lhe a oportunidade de desenhar, pintar ou modelar com toda liberdade. Nas imagens assim configuradas teremos auto-retratos da situação psíquica, imagens muitas vezes fragmentadas, extravagantes, mas que ficam aprisionadas no papel, tela ou barro. Poderemos sempre voltar a estudá-las.
Foi observando-os e às imagens que configuravam, que aprendi a respeitá-los como pessoas, e desaprendi muito do que havia aprendido na psiquiatria tradicional. Minha escola foi nesses ateliês.
Nise da Silveira“20 anos de Terapêutica Ocupacional em Engenho de Dentro”Revista Brasileira de Saúde Mental, volume X - 1966

Dra. NISE DA SILVEIRA


"A meta de todo tratamento psiquiátrico não pode mais continuar sendo a remoção de sintomas, porém a recuperação do indivíduo para a comunidade.
Um aspecto muito valorizado no sentido da reabilitação, é levar o doente a compreender a utilidade que terá para ele a prática das atividades expressivas com as quais se familiarizou durante o tratamento ocupacional, mesmo depois da alta.Os trabalhos rotineiros (domésticos, industriais, burocráticos), são canais demasiado estreitos para dar escoamento às possíveis reativações do inconsciente, freqüentes naqueles que passaram pela experiência psicótica.
Por isso dar forma à situação psíquica sob o impacto de emoções, pintar sonhos e fantasias, será medida preventiva indicada contra recaídas na condição psicótica. Nosso ateliê de pintura está sempre aberto aos egressos e constantemente verificamos quanto lhes são proveitosas as manhãs que aí passam.Nem sempre o objetivo do tratamento será necessariamente “aprender a levar uma vida convencional dentro dos padrões de ajustamento usados pela média dos chamados cidadãos sadios na nossa cultura” (Frieda Fromm-Reichmann). A oportunidade que o indivíduo teve quando doente, de descobrir as atividades expressivas e criadoras de ordinário tão pouco acessíveis à maioria, poderá abrir-lhe novas perspectivas de aceitação social através da expressão artística ou simplesmente (o que será muito) muni-lo de um meio ao qual poderá recorrer sozinho, para manter seu equilíbrio psíquico."

domingo, 4 de janeiro de 2009

MORRER É PRECISO


Num artigo muito interessante, Paulo Angelim, que é arquiteto, pós-graduado em marketing, dizia mais ou menos o seguinte:
“Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro”.
Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente; não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma; não existe borboleta sem a morte da lagarta, isso é óbvio! A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo.
“É a fronteira entre o passado e o futuro...”
Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito pela frente.
Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.
Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você o jovem inseguro, ciumento, crítico, exigente, imaturo, egoísta ou o solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.
Quer ter boas amizades? Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita ou descompromissada, que só pensa em si mesmo. Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência. Respeite seus amigos, colegas de trabalho, vizinhos.
Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso “eu” passado, inferior.
E, qual o risco de não agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo essa produtividade, e, por fim, prejudicando nosso sucesso. Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser.
Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou agiam. Acabam se transformando em projetos acabados, híbridos, adultos infantilizados.
Podemos até agir, às vezes como meninos, de tal forma que não matemos as virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade, tolerância, etc. Mas se quisermos ser ADULTOS, devemos necessariamente matar atitudes infantis, para passarmos a agir como adultos.
Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e mais evoluído? Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, é o “egoísmo” e o “egocentrismo”, para que nasça o SER que você tanto deseja ser! Pense nisso e morra!
Mas ... não se esqueça de nascer melhor ainda!
“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”.